Clubes da Champions League registram mais de 5 mil lesões nas últimas cinco temporadas; Problema muscular na parte posterior da coxa é o mais recorrente e não para de crescer
Vinicius Junior e Éder Militão. Courtois e De Bruyne. Koke, Pedri e Araújo. Passada a primeira data Fifa de 2023/24 e pouco mais de um mês do início da temporada na elite do futebol da Europa, a impressão é que ocorre uma explosão de lesões nos maiores clubes do mundo.
As lesões de jogadores do Real Madrid, como Vini Jr, Courtois, Éder Militão e Arda Güler, destacam a variedade de problemas físicos enfrentados pelos atletas de futebol profissional. No caso de Vini Jr, mencionado, a lesão foi muscular, enquanto Courtois e Éder Militão sofreram rompimentos de ligamento cruzado anterior do joelho, que são lesões graves. Arda Güler, recém-chegado ao Real Madrid, teve um problema no menisco do joelho direito que o impediu de estrear pelo clube.
No caso de De Bruyne, do Manchester City, o problema foi no tendão do músculo posterior da coxa. O meia Pedri, do Barcelona, teve recorrência de lesão na parte anterior da coxa direita. O meia-atacante Musiala, do Bayern de Munique, sofreu estiramento na coxa esquerda.
De acordo com levantamento os 15 principais clubes da Europa tinham, até esta quarta-feira, ao menos 42 jogadores no departamento médico por lesões sofridas desde o início da pré-temporada, na primeira semana de julho.
Mais de mil lesões na Champions por ano desde 2018
A Uefa monitora, desde 2001, essas lesões no mais alto nível da Europa, através do projeto Estudo de Lesões em Clubes de Elite (ECIS). Consultada por nossa equipe, a confederação não deu detalhes sobre 2023/24, mas repassou dados dos cinco anos anteriores.
O acompanhamento é feito via convite aos 32 clubes que integram a fase de grupos da Champions League (que começa na semana que vem). Eles que passam os dados. Entre 2018/19 e 2021/22, a média tem sido de 28 participantes. A expectativa é chegar a 30 em 2023/24.
Nos últimos cinco anos, ocorreram 5.516 lesões. Vale ressaltar que em 2020/21 houve impacto da pandemia de Covid.
De acordo com a Uefa, a proporção de lesões em julho e agosto, desde 2018, não sugere que esse período seja pior do que os outros da temporada regular. Porém, normalmente, esses meses são mais marcados por lesões de “uso excessivo”, como problemas nos tendões. Casos mais agudos e traumáticos costumam ocorrer mais adiante.
Especialistas e diversas figuras do mundo do futebol têm opiniões divergentes sobre os fatores responsáveis pelo elevado número de lesões no início da temporada 2023/24. Alguns apontam para a mudança brusca nas exigências físicas, que vão desde o período de férias dos jogadores até a curta pré-temporada e as turnês pelo mundo que os clubes realizam. Essa transição abrupta para o ritmo competitivo real quando o calendário oficial começa pode sobrecarregar os jogadores e aumentar o risco de lesões. Essa é uma questão complexa que envolve múltiplos fatores e tem gerado debates sobre como proteger a saúde dos atletas enquanto mantêm um calendário esportivo rigoroso e altamente competitivo.
— Há alguma coisa. Os jogos, mais as viagens, mais a Copa do Mundo em dezembro, mais os jogos de seleção, é muita coisa. É muito para os jogadores. É uma demanda inacreditável. Quando você vê os próximos 36 meses para esses jogadores, o melhor é não olhar. É incrível o que eles fazem — comentou o técnico Mikel Arteta, em entrevista coletiva.
O Real Madrid, por exemplo, fechou 2022/23 contra o Athletic Bilbao, no dia 4 de junho; se reapresentou no dia 10 de julho; disputou o primeiro amistoso, contra o Milan, no dia 23 daquele mês; e estreou no Campeonato Espanhol no dia 12 de agosto, contra o mesmo Athletic.
Registro de lesões no início da temporada
Registro de lesões no início da temporada
Temporada | Lesões em julho e agosto | % em relação ao total |
2022/23 | 207 | 17,1% |
2021/22 | 132 | 12,8% |
2020/21 | 63 | 6,7% |
2019/20 | 198 | 17,4% |
2018/19 | 198 | 16% |
Fonte: Uefa