O Mundial de Clubes da FIFA, que inicia nesta terça-feira (12), terá a presença inédita do Fluminense e do Manchester City. Enquanto a mídia inglesa praticamente ignora o torneio, os brasileiros o consideram o ápice da temporada, levantando a questão recorrente sobre por que os europeus enxergam o Mundial como um mero amistoso.
Josias Pereira, meu colega do Flashscore, aborda a história do desdém europeu e da obsessão sul-americana, explicando a violência argentina dos anos 70 que assustou clubes como Ajax, Juventus e Nottingham Forest. Ele ressalta que o Mundial de Clubes ocorre no meio da temporada europeia, sendo um empecilho significativo.
Não é apenas soberba; há uma diferença de percepção da realidade. Historicamente, são os sul-americanos que vão jogar na Europa, não o contrário. As principais ligas europeias começaram a ser transmitidas na América do Sul nos anos 90, alimentando essa disparidade.
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O desinteresse europeu é uma ameaça ao “contrato social” do torneio. Os clubes da Champions League já expressaram descontentamento, e os sul-americanos se incomodam com a falta de reconhecimento.
Portugal é uma exceção, dando destaque ao Brasileirão na TV, possivelmente devido à proximidade cultural. A Liga dos Campeões é transmitida em canais acessíveis na América do Sul, enquanto a Libertadores, quando transmitida, fica em algum streaming obscuro na Europa.
Se os europeus deixassem de jogar o Mundial, os sul-americanos dariam o mesmo peso ao torneio? A recíproca não é verdadeira. O torcedor inglês considera o Mundial um “amistoso glorificado”, dando mais importância à Champions.
A diferença de foco não é por mal; é uma questão de perspectiva e desafio esportivo. O Mundial é crucial para os brasileiros, mas não da mesma forma para os europeus. Se deseja desafiar os ex-colonizadores em pé de igualdade, chame a Copa do Mundo.